domingo, 8 de julho de 2012

110 anos do nascimento de Onestaldo Pennafort.(1902-1987)

terça-feira, 5 de abril de 2011

Onestaldo de Pennafort

ARTE POÉTICA




Da janela de onde olha a paisagem lá fora,

a escutar o fluir da água que canta e chora,

por sob a ponte, sempre em mesmo diapasão,

como se o rio fosse a música do chão,

o poeta sonha...

Desce a sombra nas calçadas.

Alguém passa assobiando umas notas trinadas.

O ar amortece ...A brisa é terna como um beijo

nos olhos...E, ao sabor da brisa, sem desejo,

sem ânsias e sem pressa, erra o seu pensamento,

vadiamente, como um pássaro ao relento...

Pouco a pouco, porém, a doçura da tarde

que os contornos suaviza e que as folhas encarde,

e esse esparso langor da hora crepuscular

em que tudo parece estático, a cismar,

despertam na sua alma ignota melodia.

Memória... exaltação... delícia...nostalgia...

Silêncio. A natureza arfa e se exaure, lassa.

Fechar de asas e sons e ruídos em que passa

a eterna indagação do crepúsculo... E quando

no céu amplo e disperso

nasce a primeira estrela cintilando,

nasce o primeiro verso...







Onestaldo de Pennafort

Poesia (1987)

Nenhum comentário:

Postar um comentário