segunda-feira, 27 de maio de 2013

sábado, 25 de maio de 2013

Questão de estética



Meus avós paternos mudaram-se para Natal na década de 1960, a fim de acompanhar os filhos que já se encontravam por lá, estudando. Moraram na Deodoro e, por fim, na Cônego Leão Fernandes, logradouros coincidentemente transversais da rua Mossoró.
O velho se chamava Jerônymo Lahyre de Mello Rosado. Farmacêutico e inspetor de ensino, além de boêmio inveterado, tinha vastos conhecimentos gerais e uma memória prodigiosa. No aniversário de 90 anos, três antes de nos deixar, recitou poemas de Augusto dos Anjos e explicou as declinações do Latim. Tranquilo, conciliador, era dono de um senso de humor singularíssimo, entre a gaiatice e a ingenuidade.
A jovem atendia pelo nome de Francisca Gurgel da Frota Rosado. Dona de casa, dedicou dias e noites numa máquina de costura para ajudar a garantir a educação dos filhos. Nasceu em Pau dos Ferros e lamentava-se por não conhecer a própria terra, de onde saiu criança. Braba, austera, talentosa, assisti-a ministrar cursos de pintura de vitrais - até pintei uma arara sob sua orientação - e de congelamento de alimentos, coisa inovadora no Rio Grande do Norte da época. Deixou-nos aos 87.
Faz algumas semanas, conversei sobre os dois com Ernani Rosado, logo após receber do primo uma joia de família, da qual me nomeou guardião vitalício: o caderno original dos poemas manuscritos por Jerônimo Rosado Filho, avô de Ernani, meu bisavô, acompanhado da obrigação de romper seu ineditismo, missão a ser brevemente cumprida.
Rosadinho, só para ilustrar, foi o primeiro dos 21 "numerados" de Seu Rosado, embora não tenha recebido um número por nome. Médico humanitário, poeta, colaborador de vários jornais, autor da tese "Da Bacilemia", morreu no verdor dos 30 anos.
Disse-me Ernani, na mesma oportunidade em que me designou curador da obra, que, ao se mudar da Deodoro para a Cônego Leão Fernandes, dona Francisca plantou várias samambaias em jarros e xaxins. 
As plantas eram tratadas a pão de ló - sol, adubo, água fresca -, mas não se desenvolviam nem por cem e uma cocada, enquanto as da vizinha, embora sem cuidados, eram enormes, pomposas, com aqueles galhos viçosos que pareciam "trançados de cordas", fazendo jus à origem tupi de sua denominação: çama-mbai.
Certa feita, à mesa do jantar, família reunida, ela desabafou. Disse, um muito amargurada, desconhecer por qual motivo suas "pteridófitas" não respondiam ao tratamento, enquanto as da casa ao lado só faltavam falar.
Eis que o velho Lahyre, meio sem jeito, fez uma inesperada confissão e pôs fim ao mistério. Quando as samambaias começavam a crescer, para impedi-las de ultrapassar a circunferência dos jarros, ele, na melhor intenção de agradar à mulher, passava-lhes a faca, por "questão de estética".
Moral da história: o gosto, já dizia Edgar Allan Poe, é o único juiz da beleza.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Médico conta histórias.

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A obra traz ilustrações do autor que revela “próxima publicação é um romance”
Foto capa livro: Divulgação
O lançamento do livro “O Contador de Histórias”, escrito por Belmir Lopes (75), acontecerá na próxima sexta-feira (24), às 19h, na Livraria Saraiva, no terceiro piso do Midway Mall. Na ocasião estarão expostas algumas telas do autor, que além de escritor, é médico cirurgião aposentado e artista plástico.
A obra traz ilustrações feitas pelo próprio autor e é uma coletânea de vários contos, alguns deles são causos contados para o autor, outros se relacionam a sua própria vivência. “Uns têm influência folclórica, cujas histórias têm a finalidade de deixar vivo o nosso folclore”, comentou Belmir.
Ele assina outra publicação (2008) sob o título “Capitão de Ouro, a Saga de Filomeno Lopes”, que conta a biografia de seu pai, capitão do exército e ourives, entremeando acontecimentos históricos como a Revolução Constitucionalista de 1932, em São Paulo, e a Segunda Guerra Mundial.
Além dos dois livros o autor revela ter um terceiro pronto para publicação, desta vez um romance. “Resolvi me dedicar à literatura após a minha aposentadoria por ser uma atividade que mantém minha cabeça ativa, assim como a pintura”, conta o escritor.
Serviço
Lançamento do livro “O Contador de Histórias”
Quando: 24/05 (Sexta-feira)
Horário: 19h
Local: Livraria Saraiva, 3º piso do Midway Mall (Natal)
Jornalista Émille Araújo
(84) 32083412


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Postado por AssessoRN - Jornalista Bosco Araújo no AssessoRN.com em 5/22/2013 04:05:00 PM

Poesia e subjetividade:representações poéticas do corpo na Escola. Fonte: Google.


GT-21: CAMINHOS DO CORPO
Coordenadores:
Edson César Ferreira Claro
Teodora de Araújo Alves
Departamento de Artes
Local: Sala 19 do DEART
01. CORPOS EM-CENA: UM ESTUDO SOBRE DRAGS QUEENS
Anne Christine Damásio
Departamento de Ciências Sociais/PPGCS/UFRN
O projeto que pretendemos apresentar surge quando da observação participante para dissertação do mestrado, intitulada: Ilhas de Lesbos: uma cartografia do desejo orgíaco feminino em espaços de lazer. Dentro dos espaços que analisamos nos deparamos com sujeitos que transgrediam explicitamente e através do corpo a fronteira construída entre sexo/gênero.  A sociedade como um todo, eivada de representações sociais, irá considerar o corpo sexuado e as práticas sexuais enquanto fundantes no processo de identificação do humano. Ao observarmos  transgênero percebemos que ele desfaz as polaridades e hierarquias, revelando oassujeitamento ao “verdadeiro sexo”, causando claramente um desassossego. A escolha do objeto nos remete, dentre outras coisas, ao questionamento das supostas evidências identitárias, sociais e biológicas. Pois percebemos que é a identidade e nesse caso em particular, a identidade de gênero que institui sua própria imagem.

02. A PERFORMANCE DO CABOCLO DE LANÇA: UM ESTUDO SOBRE A SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A PREPARAÇÃO CORPORAL DO ATOR
Maria Cristina da Silva Pereira
DEART/UFRN
Essa pesquisa é uma investigação sobre a performance  corporal do caboclo de lança do maracatu – rural pernambucano. Através do estudo da gestualidade desse personagem buscamos elementos que pudessem contribuir para a formação do ator, mas especificamente na sua preparação corporal. Para efeito da pesquisa, nosso principal instrumental metodológico foi o sistema de analise do domínio do movimento de Rudolf Laban. O material disponível para as nossas observações foram imagens do objeto de estudo disponibilizados em fitas de vídeo e CD Rom.
03. POESIA E SUBJETIVIDADE: REPRESENTAÇÕES POÉTICAS DO CORPO NA ESCOLA
Cynthia Larissa M.  Cortez
Departamento de Pedagogia/UFRN
Teodora Alves/Orientadora/DEART/UFRN
O trabalho aqui inscrito teve início com observações da prática de ensino/estágio com alunos do primeiro ciclo de uma escola pública de Natal/RN. Na referida prática buscamos conhecer em primeiro lugar o aluno e o mesmo conhecer o professor numa relação dialógica em que um não se efetiva sem o outro. A partir de tal experiência, de caráter prático-investigativo,  objetivamos promover/reconhecer a unidade corpo e mente, através do contato com a poesia e seu ritmo. Para tanto, optamos pela ampliação do conceito de poesia como pressuposto para que esse objetivo acontecesse, bem como considerando a corporeidade como expressão e da formação da subjetividade plural e concreta. Nessa ampliação do conceito de poesia encontramos através do diálogo com Morin e outros autores, a necessidade de trazermos para sala de aula uma “hiperpoesia”, a partir da qual outras interrogações vão perfazendo o caminho. Nesse sentido, fizemos tentativas em encontrá-la na poesia em movimento. Seguindo esse caminho, a corporeidade e sua expressão poética foi apresentada na prática, como representação de poemas e estórias trabalhadas com as crianças. De um modo geral, vivenciamos/interpretamos/descrevemos sinais das subjetividades, que demonstraram também o que caracteriza a metodologia da pesquisa-ação como descritiva. Apresentando a poesia como linguagem diversa e de múltiplos canais de expressão, realizamos uma revisão bibliográfica, onde abordamos a questão da poesia como necessidade do jogo social, do mesmo modo que o movimento. Nesse contexto, tivemos a necessidade de trazer a dança, também como jogo social em movimento e como um dos possíveis elos para alcançar a nossa busca pela essência do ser humano, bem como em trabalhar os potenciais humanos de forma lúdica. Trilhando esse caminho descobrimos também a necessidade de o professor rever suas próprias atitudes dualistas, as quais muitas vezes impede um olhar mais efetivo sobre a corporeidade de seus alunos no processo ensino-aprendizagem. O conteúdo vivencial, se apresentaentão como de essencial relevância, para que possamos, "dançar com o poema jogado em sala de aula".
04. O EXPERIMENTO COMO CAMINHO PARA O FAZER DA DANÇA
Emmanuela Regina de Azevedo Costa
DEART/UFRN
Prof Es. Leonardo Rocha da Gama – DEART/UFRN
O Grupo de Dança Experimental (GRUDE) se reuniu pela primeira vez em 1999, com intuito quase espontâneo de fazer dança. Esta fase de ação espontânea foi amadurecendo ao longo desse tempo e deu origem a segunda e atual fase denominada referencialização, nessa etapa o GRUDE passou a buscar o conhecimento no seu sentido lato. Em ambas as fases o experimentar foi o foco das ações, seja no fazer da dança enquanto uma experiência, no sentido estrito, seja na organização do conhecimento que cerca esse fazer e o descobrir de outras linguagens como poesia e teatro. É objetivo desse trabalho apontar os caminhos que constituem o experimentar do GRUDE. Entendemos o experimentar não como uma doutrina, mas, como uma possibilidade para o exercício criativo, uma ação de conhecer, produzir e expandir a linguagem da dança de uma forma coletiva. A importância dessa intervenção se constitui principalmente pelo perfil dos integrantes do grupo: quatro professores de Educação Física e uma arte-educadora da rede municipal de educação, três alunos de Artes Cênicas, um de Música e um de Educação Física, todos da UFRN; juntos buscando além do fazer artístico, ampliar seus conhecimentos e melhorar a qualidade do fazer educativo no contexto escolar e não escolar através do experimento referencializado. O experimento parte da aplicação do conhecimento produzido por Laban, Viola SpolinTchkov e Stanislavsk. Esse estudo é realizado através de uma pesquisa-ação em processo.
05. A DANÇATERAPIA: UM CAMINHO PARA A CORPOREIDADE
Gabriela Olivar de Oliveira Santos
 graduanda do curso de Comunicação Social – Jornalismo, na UFRN, e Tecnologia em Lazer e Qualidade de Vida, no CEFET-RN].
O tema corporeidade sucita discussões bastante pertinentes no que diz respeito ao homem enquanto sujeito (construtor) e objeto (construído) do mundo em que vive. O assunto deve ser explorado e analisado de forma interdisciplinar, já que o entendimento do corpo como matéria e espírito, existência e essência, numa constante dicotomia, só é alcançado com muitas e diversas reflexões biológicas, culturais e sociais. A presente pesquisa acadêmica é bibliográfica e trata especificamente da questão da dançaterapia, uma técnica de autoconhecimento corporal através da dança, como um dos caminhos para se obter a corporeidade em sua essência. O estudo baseia-se, quase totalmente, no trabalho de Maria Fux, profissional da dança e uma das precursoras da técnica. E teve como objetivos específicos caracterizar a dançaterapia; conceituar a corporeidade; analisar a influência da dança na recuperação da auto-estima e na melhora da auto-imagem eautopercepção e analisar a influência da dançaterapia no processo educacional. O estudo despertou grande interesse pelas várias possibilidades que o corpo oferece enquanto discussão fenomenológica, que abrange a filosofia, a antropologia e outras ciências. A relevância pessoal consiste no interesse em aprimorar um repertório sobre práticas de qualidade de vida através da dança. Socialmente, pode vir a ser uma vertente para futuras pesquisas que desejem se aprimorar mais na temática da dançaterapia enquanto caminho para a corporeidade, já que o seguinte trabalho não constitui uma análise tão profunda do tema. Concluiu-se que a dançaterapiaé um caminho para o entendimento do corpo na medida em que, com os próprios movimentos, o indivíduo percebe-se e percebe também seu ritmo, sua essência, seu interior e sua subjetividade. A corporeidade vem de encontro à dualidade sensível/inteligível imposta, principalmente na sociedade ocidental, e reafirma o homem como tendo um corpo que pensa, sente, reage, dança, movimenta-se, vivencia o lúdico e, vale ressaltar, cria símbolos e significados, deixando marcas para a construção da posteridade, e isso não de forma segmentada, mas constantemente inter-relacionada.
06. CORPORALIDADE: REPRESENTAÇÕES E SEXUALIDADE DO CORPO FEMININO
Maria das Dores Honório
Mestranda do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais/UFRN
Esta comunicação apresenta pesquisa em andamento que tem como objetivo investigar a construção de representações de corpo e sua relação com a sexualidade, em adolescentes de 14 a 17 anos, do sexo feminino, de camadas populares. Partindo da concepção de corpo como uma construção cultural e social específica de cada cultura, sociedade e/ou classe social, pretendemos investigar essa construção, localizando significados/representações do corpo e sua relação com a sexualidade enquanto linguagem na construção de gênero.
07. UM OLHAR PARA AS RAINHAS DRAGÕES
Pedro Vieira da Costa Filho.
Departamento de Antropologia da UFRN.
O ovo da Rainha Dragão é meu trabalho acadêmico na graduação em antropologia (urbana e visual). Nele descrevo os seres andróginos de hábitos noturnos. O interesse dessa pesquisa é dar visibilidade, principalmente, às drag queens. Andando pelas boates e eventos gay deste 2000, capto imagens através de fotografias, em Natal. Focalizo na observação e descrição dos signos e comportamentos que os caracterizam enquanto tribos urbanas. Esse movimento crescente existente hoje em dia, se dá pelas aberturas em vários meios sociais, artísticos e políticos mundiais. Na pesquisa exponho a visualidade drag, com suas características específicas. Defendo o ser drag queen enquanto uma produção de arte, com peculiaridades nas modalidades do teatro, da dança e das artes visuais, conectado com o mundo da moda e da criação artística. O que mais me chama a atenção são as drags com a tendência top model de ser: cabelos, roupas e maquiagens inspiradas nas modelos e coleções das famosas passarelas. Ao mesmo tempo em que, também, lançam formas de ser e de se produzir pois ousar e criar é o tema das drags.
08. COMUNICAÇÃO SEM LIMITES: A CORPOREIDADE DO ATOR COMO EIXO DO PROCESSO CRIATIVO NA MONTAGEM DO EXPERIMENTO TEATRAL “COMO ANJOS”
Sandro Souza Silva
Departamento de Comunicação Social /UFRN
Teodora Alves/Orientadora/DEART/UFRN
As transformações culturais que emergiram solidamente no século XX, dentre outros fatores, limitam a compreensão do fenômeno da comunicação humana aos meios tecnológicos de transmissão de informação de massa. "Estes meios são tão poderosos e importantes em nossa vida atual que às vezes esquecemos que representam uma mínima parte de nossa comunicação total" (BORDENAVE,1982, p.18). Mas o que seria essa comunicação total? Como pensar o homem através da comunicação? Podemos nos remeter a um enorme número de signos, que originam diversas formas de linguagens e que expõem um universo comunicacionalirrestrito que não deve ser confundido nem limitado pela lógica capitalista do lucro e do consumo. Na contemporaneidade, existe um culto ao corpo que exalta, em primeiro lugar, a estética e o padrão de beleza mistificado pela sociedade. Este trabalho apresenta a possibilidade de um encontro com uma visão diferenciada a respeito do corpo e da comunicação humana através do teatro. Encontrei nas raízes do trabalho do ator uma descoberta da corporeidade humana que vem das heranças culturais e se estrutura como técnica teatral, explorando a comunicação de diversas maneiras e possibilitando repensá-la e vivenciá-la de forma ampla e direta. A pesquisa traz uma discussão que parte da realização de um experimento teatral cujo foco principal foi o trabalho de ator, baseado em estudos a cerca da Antropologia Teatral de Eugênio Barba e de autores contemporâneos como ArtaudGrotowiskBurnier e Ferracine, que propõem uma criação cênica a partir da corporeidade humana, buscando uma energia e presença capaz de transmitir verdade e “vida” em estado de representação.
09. MEXE-MEXE: DAS BRINCADEIRAS DE CRIANÇA ÀS PRÁTICAS TEATRAIS
Weid Sousa da Silva
Departamento de Artes/CCHLA/UFRN
Este projeto, ainda que inicial, trabalha com as crianças do Curso de Iniciação Artística – CIART/EMUFRN, de faixa etária entre 06 e 10 anos, a partir de brincadeiras pertencentes as suas cultura e realidade, para a partir deste contato com elementos próprios e/ou conhecidos delas, perceberem o teatro e suas linguagens. É necessário que a criança se perceba e não entre em “amarras e couraças” que venham sofrer pela sociedade, diante desta situação, a escola torna-se um dos lugares mais propício para esta percepção, por ter contatos, principalmente, com crianças outras crianças, e é neste espaço lúdico que ela pede para ser livre, poder se expressar e pensar como criança, percebendo seu corpo e suas sensações. Acredito que as brincadeiras são formas lúdicas de socialização e quebra de rotina já estabelecida na vida destas crianças, além de liberta-la corporalmente, sendo assim mais fácil aderir ao processo teatral, aguçando sua sensibilidade para a vida.
10. O ESPETÁCULO DOS ``METALEIROS´´ EM FORTALEZA: CENÁRIOS E ENCENAÇÕES CORPORAIS
Abda de Souza Medeiros
Universidade Federal do Ceará
A apresentação trata da relação entre o rock pesado e o estilo corporal (gestos, adereços e vestimentas) a partir da pesquisa realizada com duas bandas de Fortaleza que estão agregadas à Associação Cultural Cearense do Rock (ACR). A pesquisa foi iniciada em maio de 2001 e se concluída em novembro de 2004. O trabalho de campo consistiu em idas a shows das bandas, observação e registro das apresentações, participações nas reuniões da ACR, conversas informais e entrevistas com os integrantes das bandas. Os resultados da pesquisa mostraram que o corpo é por eles utilizado como extensão da música à qual se dedicam e que conformam um estilo de vida próprio.

Um poema para Francisco, meu tio-avô

O poema abaixo foi escrito por Leonardo Cavalcanti, e foi dedicado ao seu primo Luiz Carlos Avelino da Trindade. Faz parte do livro "Poesia sem perdão", editado em Recife, 1998. Leonardo é filho do Doutor Francisco Ivo Cavalcanti e Martha Trindade. Francisco, que dá título ao poema, era irmão de meu avô Miguel Francisco da Trindade e de André Avelino Trindade, ambos filhos de João Felippe da Trindade e Francisca Ritta Xavier da Costa. Gente de Angicos.
Luiz Carlos é filho de André Avelino da Trindade, segundo do nome, e Lourdes Batista.
André completa em 2013, a idade de 102 anos, muito lúcido.

De Maria da Penha, meu avô teve quatro filhos.
Viúvo dela, da Penha, com Izabel teve muitos.
João morreu ao casar-se, em plena lua-de-mel, 
e a viúva Pureza (pureza de corpo e alma)
preservou-se - vive pura.
Alfredo foi de Chiquinha,
Francisca, de Zacharias,
Onofre casou com Ana Firmino
e ao depois com Concebida,
que naqueles ermos fôra, 
é possível e é provável, 
concebida sem pecados.
José, chamado Dedé, esposou sua Didi.
David dormiu com Margot
durante anos seguidos.
Pedro desposou Betinha e André, Lourdes Batista,
que, vejam (mundo pequeno), era prima do meu pai.
Mário se deu a Tereza,
irmã da moça Elita com que se casou Joaquim.
Manoel encarou Judith, 
durou pouco, não deu certo
-deu certo com Nazareth.
Josefa ficou viúva bem cedo, fatalidade,
e destinou-se com Cícero.
Maria Rita, que teve na hora de seu batismo
o nome da sua avó,
aboliu Rita do nome,
casou com Antonio Tibúrcio,
mas foi sempre e só Trindade.
Maria tem sete filhos,
meus primos apreciados.
Martha, a caçula, se uniu ao doutor Francisco Ivo,
homem maduro e preclaro.
Miguel firmou com Lourdinha,
depois de rodado e gasto,
pacto perante o juiz.
Mas foi a irmã Izabel, 
por batismo é Anna,
quem deu o lance mais certo
-entregou-se a Jesus Cristo,
homem declarado e visto
como o dono do universo.
Cinco manos teve ele, meu avô André Trindade:
Miguel, Joaquim, Francisco, Ana e Maria Rosa. 
Francisco nasceu doente,
menino ausente ou distante do mundo
que era seu (do mundo ausente ou distante?),
e entre nós, os Trindade,
Francisco é sempre presente em todas as gerações.
Como admiro Francisco!
Tenho o sentir de que Francisco é o resumo de tudo,
de toda a formidável inevitabilidade da sucessão.
Somos tantos, hoje, absurdamente lúcidos e sãos.
entretanto, sem piedade de mim, sou racionalmente
FRANCISCANO.

Postado por João Felipe da  Trindade

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Uma viagem ao paraíso do litoral norte potiguar.


Foto: Elias Medeiros
No próximo dia 19 de maio (domingo), a Associação Potiguar de Fotografia (Aphoto) vai realizar uma Expedição Fotográfica para registrar as belezas das Dunas do Rosado, no Litoral Norte potiguar, saindo às 06 horas da manhã, do Foto Practical, por trás da Igreja do Galo, em Natal.
 
Antes de chegar às Dunas do Rosado, os aventureiros fotógrafos vão parar e registrar o Centro Histórico da cidade de Açu. O almoço será realizado no município de Porto do Mangue, cidade à beira mar que também será fotografada.
 
Expedição Fotográfica
Dia | 19 de maio (domingo)
Saída | 06h00
Valor | R$ 60,00 (sócio) / R$ 100,00 (não-sócio)
Bate e volta em ônibus confortável com ar, wc e tv
Informações: 3211-5436

domingo, 12 de maio de 2013

"Não troco meu "oxente" pelo "ok" de ninguém".


 DE ARIANO SUASSUNA


*Esse tal de rocambole*
*Esfirra, nissin, miojo*
*Quer-me ver cuspi com nojo*
*Ofereça-me um rizole*
*Prefiro uma fruta mole*
*Beliscada do vem-vem*
*Feijão de corda xerem*
*Canjica com leite quente*
*Eu não troco meu oxente*
*Pelo ok de ninguém*
  *Tomar wiski importado*
*Na taça pra ser bacana*
*Sou mais um gole de cana*
*Num caneco enferrujado*
*Não sou muito refinado*
*Nem tenho inveja também*
*Druris conhaque almadem*
*Prefiro minha aguardente*
*Eu não troco meu oxente*
*Pelo ok de ninguém*
  *Esses verbetes do inglês*
*Que usam no dia a dia*
*Não me trazem simpatia*
*Estragam meu português*
*Vou ser sincero a vocês*
*Sou muito mais meu quinem*
*Adonde, prumode, eim?*
*Acho mais inteligente*
*Eu não troco meu oxente*
*Pelo ok de ninguém*
  *Eu não falo REDBUL*
*Prefiro touro vermelho*
*MIRROR pra mim é espelho*
*BLUE BIRD pássaro azul*
*Bonito e não BEAUTIFU*
*Falo dez em vez de TEN*
*BABY pra mim é neném*
*E HOT pra mim é quente*
*Eu não troco meu oxente*
*Pelo ok de ninguém*
  *Não gosto de pancadão*
*Nem de RAP improvisado*
*HIP HOP pé quebrado*
*Sem métrica e sem oração*
*Sou muito mais gonzagão*
*No forró do xem nhem, nhem*
*Gosto de aboio e também*
*De um baião de repente*
*Eu não troco meu oxente*
*Pelo ok de ninguém*
  **
*Não troco o meu "oxente" pelo "ok" de ninguém!*
*Ariano Suassuna* <http://pensador.uol.com.br/autor/ariano_suassuna/>

Woden Madruga e uma carta do poeta José Bezerra Gomes


Andando pelas letras

Tribuna do Norte

Jornal de WM

Publicação: 12/05/13

Maio começou num bom embalo. Quinta houve o lançamento do livro de Nei Leandro de Castro, Pássaro sem sono, e na noite seguinte foi a vez de Viva Luiz Damasceno!. Segunda, amanhã, começa mais uma edição do projeto “Ação Leitura”, bolado pela Editora Jovens Escribas, a mesma que editou Pássaro sem sono. O mote do projeto é “Ler pode ser muito divertido”. E é. O “Ação Leitura” está trazendo de fora um pessoal da melhor qualidade. No time, por exemplo, o Daniel Galera, cujo romance Barba ensopada de sangue, li com garra e muito prazer. Nascido em São Paulo, mas vivido no Rio Grande do Sul, o Daniel Galera é um dos bons nomes do novo romance brasileiro. Tem pouco mais de 30 anos de idade.

A abertura do Ação Leitura será amanhã, coisa das 19 horas, no auditório da UnP, da Floriano Peixoto, com um bate-papo entre Clotilde Tavares e Pablo Capistrano. Na mesma ocasião o pessoal prestará uma homenagem a Nei Leandro de Castro que receberá o Prêmio Parágrafo, patrocinado pelo Sesc e os Jovens Escribas. Nos dias seguintes, outros papos, oficinas, palestras em escolas, divulgando o lema “Mais que aprender, leitura é lazer”. Na programação incluem-se música e teatro

As oficinas literárias serão ministradas por Daniel Galera, a poeta Ana Elisa Ribeiro, de Minas, o escritor mineiro Sérgio Fantini, o escritor catarinense Carlos Henrique Schroeder,  a escritora e atriz Clotilde Tavares. No dia 17, terça-feira, Daniel Galera estará na Livraria Nobel, da Salgado Filho, para autografar o seu romance Barba ensopada de sangue, edição da Companhia de Letras. Semana gorda num maio alvissareiro.

Voltemos ao lançamento do livro de Nei Leandro, entre os espaços fidalgos do Solar Bela Vista, de onde se vê as luzes sobre o Potengi amado. Andei por lá, voltando a subir a rua São Tomé onde morei pelo final dos anos 50, casa na esquina com a rua Auta de Souza. Bons papos no Solar, enquanto o autor autografava. Quando eu cheguei, Alex Nascimento já tinha ido embora. Numa mesa estavam Maria Emília Wanderley, Leda Guimarães, Sandra de Nei, Margarida e Robério Seabra de Moura, Diógenes da Cunha Lima, Carlos Castilho e o editor e livreiro Abimael Silva com mil planos para novos livros. Noutro canto vi o poeta Volontê conversando com o escritor Aldo Lopes. Em outra sala, lá vai indo Clotilde Tavares tirando um fino em Mário Ivo. Não vi Marize Castro. Desconfio que ela continua em Dublin, dublando.

Fui puxar um papo com Moacy Cirne. Tácito Costa se aproximou e a conversa  foi fluindo, Moacy revelando seu fascínio pelas leituras que anda fazendo da Bíblia. Está num verdadeiro encantamento. Leitura cuidadosa, debulhada e degustada. Já fez mais de 500 anotações, primeiros desenhos de um livro que começou a escrever, sem prazo para terminar. Os comentários estão sendo anotados, lá se vão, se ouvi bem, mais de 200 páginas já escritas. O poeta na maior vibração nesse seu reencontro bíblico e fazendo jus à barba de profeta hebreu e acentuado sotaque seridoense.

Maio vai bem no andar das letras com a bênção de todos os anjos.

Velhas cartas

Volto mexer nos velhos papéis jogados nas gavetas desarrumadas. Encontro uma carta do poeta José Bezerra Gomes, dirigida a Aluízio Alves. É de 13 de janeiro de 1982, postada em Natal. Fico em dúvidas: já não publiquei a carta aqui? Bom, se publiquei (a memória escorrega) vou repetir a dose. Não é toda hora que se depara com uma carta de Zé Bezerra Gomes, o poeta e  escritor.

Vamos lá:

“Ao Senhor

Dr. Aluisio Alves

Tribuna do Norte – Suplemento Literário da

Av. Tavares de Lira, 101/105

Natal – RN -59.000

Prezado confrade Dr. Aluisio Alves

Saudações cordiais:

Retorno ao Suplemento Literário da Tribuna do Norte, com uma nota bibliográfica, de minha autoria, refeita, sobre “Angione Costa, Autodidata e Mestre”, encarecendo-lhe vosso beneplácito, para divulgação, na forma solicitada.

Fi-la, por sugestão de um amigo, Prof. da UFRN, em cujo meio universitário permanece, negligentemente. Ignorado tão ilustre nome da inteligência produtiva norte-rio-grandense: João Angione Costa, natalense de nascimento.

Antecipo-me agradecido pela publicação, solicitada, à vista da presente carta, firmando-me de V. Excia. confrade e admirador,

José Bezerra Gomes  - Autor”

Na lauda, datilografada, José Bezerra Gomes, além de assinar a carta, imprimiu o seu carimbo: “José Bezerra Gomes, Advogado. Rua dos Pajeús, 1730 – Alecrim. Natal – RN – CEP 59.000”.

Quem é João Angione Costa? No artigo de José Bezerra Gomes, ele surge como arqueólogo, sociólogo e indianista, natalense nascido na Rua dos Tocos “atual Princesa Isabel, numa casa, no final da rua, da qual avistava o mar”.  A Tribuna publicou o artigo? Não sei, não me lembro. O original está nos meus papéis espalhados. Qualquer domingo desses publicarei aqui.

Poesia

“Olhai olhando olhai/ a lua cheia/ a terra úmida grávida/ orvalhada // A chuva chovendo no mar/ O sol nascendo do mar // Olhai olhando olhai / O cio das andorinhas/ o andar das sacras procissões // Olhai olhando olhai/ o olhar da Virgem virgem Maria// entre flores/ aureolada/ por moças/ de meu país encantado // O voo do nambu/ o canto da seriema // O mugir mugido da vaca/ perscrutai vaqueiro perscrutai // O olho do vagalume/ o olho encantado/ do vagalume encantado //De meu  país/ de meu país encantado // O balir balido da ovelha/ o balir balido da ovelha // Perscrutai pastor perscrutai”. (De José Bezerra Gomes, no poema Ducado, em Antologia Poética, livro organizado por Luís Carlos Guimarães, com posfácio de Moacy Cirne, publicado pela Fundação José Augusto, 1975).