segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Um norte para o livro brasileiro.

Por Karine Pansa*

Foi muito importante a retomada, em 2014, do Prêmio VivaLeitura, realizado entre 2006 e 2011 e depois interrompido. O seu significado está expresso com clareza no objetivo de estimular e fomentar a leitura e enfatizar a sua decisiva missão no ensino. Por isso, é necessário que os responsáveis por sua realização adotem todas as medidas necessárias para garantir sua periodicidade anual regular. Como se sabe, trata-se de uma iniciativa dos ministérios da Cultura e da Educação e da Organização dos Estados Ibero-americanos para Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), com apoio do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), da União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e da Fundação Santillana.

Apesar de respaldado por todos esses órgãos, a importante iniciativa sofreu interrupção por alguns anos. Tal problema mostra que as políticas públicas para o setor precisam contar com bases fortes de sustentação institucional. Daí o significado de se converter em lei o Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), do qual o prêmio faz parte, assim como numerosas outras ações e medidas muito relevantes. Projeto de lei nesse sentido, de iniciativa do Executivo Federal, encontra-se em análise na Casa Civil.

 O projeto conta com o consenso das entidades do setor editorial e estabelece um norte para o livro em nosso país. Sua acolhida seria muito boa no Congresso Nacional, considerando as numerosas manifestações espontâneas de apoio e a existência de frentes parlamentares de defesa da leitura. Assim, esperamos que, logo no início do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff e da nova Legislatura federal, o PNLL transforme-se em lei, constituindo-se em poderoso instrumento para o sucesso da meta de transformar o Brasil num país de livros e leitores.

É nesse contexto que comemoramos a retomada do VivaLeitura, cuja cerimônia de entrega realizou-se em Brasília, dia 16 de dezembro último, quando o vencedor em cada categoria ("Bibliotecas Públicas, Privadas e Comunitárias"; "Escolas Públicas e Privadas"; "Promotor de leitura - pessoa física; e "ONGs) recebeu R$ 25 mil. Mais do que o valor em dinheiro, o prêmio é relevante em função das áreas e forças da sociedade que congrega, ou seja, escolas do Ensino Fundamental, academia, bibliotecas e instituições sociais. Tais organizações reúnem grande parte do universo do mercado editorial no Brasil, abrangendo pessoas físicas e jurídicas cujo trabalho é decisivo para o incentivo à leitura.

Na promoção do livro, o prêmio, assim como todas as medidas previstas no PNLL, soma-se às bienais e feiras realizadas em vários estados brasileiros, aos programas de compras do setor público, certames literários e do mercado editorial, como o Jabuti, ao permanente trabalho das editoras, incluindo a descoberta de novos autores, livrarias, distribuidores e creditistas e outras iniciativas focadas no estímulo à leitura. Esse esforço deve ser permanente!

Para a CBL, responsável pelo Jabuti, a Bienal Internacional do Livro de São Paulo e várias outras ações de fomento ao livro, o VivaLeitura 2014, além de seus importantes objetivos, teve um significado singular: a homenagem a Lúcia Jurema Figueirôa, diretora da entidade e gerente de Relações Institucionais da Editora Moderna,  falecida em janeiro de 2014. Em sua retomada, o prêmio teve o nome da brilhante pessoa e profissional, cuja carreira foi um exemplo de dedicação ao estímulo da leitura.

Sem dúvida, homenagem muito pertinente, pois todos os objetivos do prêmio coincidem com os propósitos defendidos e praticados por Lúcia Jurema Figuerôa ao longo de sua vida. Que seu legado imortal torne perenes o PNLL e o VivaLeitura, ao qual ela empresta a força de seu nome.

*Karine Pansa, empresária do setor editorial, é a presidente da CBL (Câmara Brasileira do Livro). Na Folha Online - 19/1/2015.