sábado, 6 de agosto de 2016
PROFESSOR UNIVERSITÁRIO É O GRANDE CAMPEÃO DO II CONCURSO LEMBRANÇA DO ÍDOLO
O
professor universitário José Romero Araújo Cardoso foi o grande campeão
do II Lembrança do Ídolo, um concurso de crônicas que este ano
homenageia o multi-instrumentista Sivuca.
José
Romero é natural da cidade de Pombal-PB, mas atualmente reside em
Mossoró, onde leciona Geografia na Universidade Estadual do Rio Grande
do Norte (UERN).
O
professor Romero virá até o município de São João do Rio do Peixe-PB,
onde receberá sua premiação e troféu, durante o IX Festival de Músicas
Gonzagueanas (FESMUZA), no dia 20 de agosto do corrente ano.
A expressão máxima da autêntica cultura popular nordestina em Feira de Mangaio [1]
José Romero Araújo Cardoso
As
feiras livres nordestinas caracterizaram-se, em um passado não muito
distante, por serem verdadeiros repositórios para a comercialização da
produção artesanal, as quais personificam formas perfeitas e acabadas do
trabalho coletivo ou individual com pouco ou nenhum uso dos artefatos
sofisticados surgidos com a industrialização.
Em
épocas pretéritas havia ênfase quase absoluta nas feiras livres
nordestinas para a venda do que era produzido na região, ou na própria
localidade, estando hoje visivelmente submetidas aos ditames contidos no
comportamento da economia globalizada, sendo facilmente encontrados
produtos de fora, do exterior, em consonância com a oferta de objetos e
demais artes da cultura popular genuinamente regional.
Nesses
espaços marcantes, a interação entre as pessoas verifica-se
notavelmente, fomentando formas variadas de contato, as quais vão da
pechincha dos fregueses com comerciantes ao bate-papo descontraído sobre
fatos e personagens locais e das redondezas, entre inúmeras outras
maneiras de tangência direta da própria sociedade.
Momento
sublime de referência às feiras livres nordestinas encontra-se em
composição musical de autorias de Severino Dias de Oliveira, mais
conhecido como Sivuca (Itabaiana/PB, 26 de Maio de 1930 – João
Pessoa/PB, 14 de Dezembro de 2006) e de Glória Gadelha (Sousa – Paraíba,
19 de Fevereiro de 1947 - ), a qual sintetiza de forma invulgar e
extraordinária a importância assumida pelas manifestações da cultura
popular enquanto marca indelével dos espaços abertos que integram
economicamente os circuitos inferiores do processo de comercialização no
Nordeste Brasileiro.
O
povo sertanejo, com suas criações, invenções, interações e maneiras
como se apresenta a culinária regional, integram os refrães marcantes de
uma das mais belas canções regionais, pois é notável o apelo à compra
do que é ofertado através do destaque dado aos produtos. Fumo de rolo,
arreio, cangalha, bolo de milho, broa, cocada, pé-de-moleque, alecrim,
canela, cabresto de cavalo, rabichola, pavio de candeeiro, panela de
barro, farinha, rapadura e graviola são vendidos há tempos imemoriais em
feiras livres nordestinas, razão pela qual a identificação espaço-tempo
é realizada sem nenhum empecilho no que tange ao entendimento por
aqueles que, nordestinos de fato, escutam Feira de Mangaio, tendo em
vista que, invocando conceitos pertinentes a lugar e ao espaço vivido, a
tradução precisa acerca de pertencimento está explícita de forma clara e
objetiva, pois as representações da geografia humana contidas em uma
feira livre nordestina estão definidas com precisão, razão pela qual
personagens reais do mundo dos compositores, sobretudo ao que pertence
Glorinha Gadelha, estão imortalizados através da arte sublime de dois
gênios de sensibilidade extraordinária, aos quais o povo do Nordeste
deve agradecer eternamente pelo legado ímpar e autêntico que valoriza
exponencialmente toda região. Tudo foi logisticamente invocado em Feira
de Mangaio, desde a feira de pássaros à vendinha localizada de forma
estratégica, a qual não pode faltar em uma feira livre nordestina, onde
um mangaieiro ia se animar, tomando bicada com lambu assado, olhando
para Maria do Joá, passando pelo sanfoneiro no canto da rua, fazendo
floreio para a gente dançar, com Zefa de Purcina fazendo renda e o ronco
do fole sem parar, dando ênfase à necessidade do sertanejo de xaxar o
roçado que nem boi de carro para garantir a sobrevivência de si próprio
e da sua família, finalizando com o fomento de que alpargata de arrasto
não quer lhe levar para sua labuta, pois o forró inebriante tomava
conta da feira em todos os quadrantes.
Causa
admiração que Feira de Mangaio tenha sido composta na globalizada e
cosmopolita Nova York, quando o casal residia nos Estados Unidos. A
estrutura começou a se efetivar quando Glorinha Gadelha estava em uma
aula de inglês, sendo concluída em um fast food da McDonalds, mas foi a
bucólica e sertaneja cidade-sorriso que serviu de inspiração para um dos
mais belos símbolos musicais do Nordeste Brasileiro.
[1]
Crônica vencedora do II Concurso Lembrança do ídolo, promovido pelo
Grupo União São Francisco – Caldeirão Político no ensejo do IX Festival
de Músicas Gonzagueanas.
José Romero Araújo Cardoso (Mini Currículo):
Geógrafo
(UFPB). Especialista em Geografia e Gestão Territorial (UFPB-1996) e em
Organização de Arquivos (UFPB - 1997). Mestre em Desenvolvimento e Meio
Ambiente pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (2002).
Atualmente é professor adjunto IV do Departamento de Geografia/DGE da
Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais/FAFIC da Universidade do
Estado do Rio Grande do Norte/UERN. Tem experiência na área de Geografia
Humana, com ênfase à Geografia Agrária, atuando principalmente nos
seguintes temas: ambientalismo, nordeste, temas regionais. Espeleologia é
tema presente em pesquisas. Escritor e articulista cultural. Escreve
para diversos jornais, sites e blogs. Sócio da Sociedade Brasileira de
Estudos do Cangaço (SBEC) e do Instituto Cultural do Oeste Potiguar
(ICOP). Membro da Associação Mossoroense de Escritores (ASCRIM).
Endereço residencial:
Rua
Raimundo Guilherme, 117 – Quadra 34 – Lote 32 – Conjunto Vingt Rosado –
Mossoró – RN – CEP: 59.626-630 – Fones: (84) 9-8738-0646 – (84)
9-9702-3596 – E-mail:romero.cardoso@gmail.co m
Enviado pelo professor, escritor pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso.
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