Vamos catar coquinhos
Deu na BBC, Brasil, Primeira Página.
“É claro que nós sabemos a diferença entre Engels e Hegel. Numa peça de 200 laudas, falando de crimes essenciais, vão preferir ficar discutindo a filosofia?”
Quem pergunta é o promotor José Carlos Blat, do Ministério Público de São Paulo, um dos responsáveis pelo pedido de prisão preventiva do ex-presidente Lula, nesta quinta-feira. Ele se refere à confusão, feita no pedido encaminhado ao tribunal, entre Friedrich Engels, coautor do Manifesto Comunista junto a Karl Marx, e Georg Wilhelm Friedrich Hegel, filósofo morto em 1831, 17 anos antes da publicação do Manifesto.
“Vão caçar o que fazer. Vão catar coquinho”, continua o promotor estadual, questionado pela BBC Brasil sobre a repercussão em torno do erro presente na peça. “Isso é uma tolice, é um erro material que já foi verificado e será retificado. Tudo continua como está, não há qualquer gravidade nisso.”
Do Blog: Primeiro, prefiro discutir filosofia do que levar a sério estultices forenses. Segundo, de minha parte eu topo ir catar coquinhos, desde que os ilustrados promotores vão catar livrinhos.
“É claro que nós sabemos a diferença entre Engels e Hegel. Numa peça de 200 laudas, falando de crimes essenciais, vão preferir ficar discutindo a filosofia?”
Quem pergunta é o promotor José Carlos Blat, do Ministério Público de São Paulo, um dos responsáveis pelo pedido de prisão preventiva do ex-presidente Lula, nesta quinta-feira. Ele se refere à confusão, feita no pedido encaminhado ao tribunal, entre Friedrich Engels, coautor do Manifesto Comunista junto a Karl Marx, e Georg Wilhelm Friedrich Hegel, filósofo morto em 1831, 17 anos antes da publicação do Manifesto.
“Vão caçar o que fazer. Vão catar coquinho”, continua o promotor estadual, questionado pela BBC Brasil sobre a repercussão em torno do erro presente na peça. “Isso é uma tolice, é um erro material que já foi verificado e será retificado. Tudo continua como está, não há qualquer gravidade nisso.”
Do Blog: Primeiro, prefiro discutir filosofia do que levar a sério estultices forenses. Segundo, de minha parte eu topo ir catar coquinhos, desde que os ilustrados promotores vão catar livrinhos.
Reflexão
De Friedrich Nietzsche:
“Mudei-me da casa dos eruditos e bati a porta ao sair. Por muito tempo, a minha alma assentou-se faminta à sua mesa. Não sou como eles, treinados a buscar o conhecimento como especialistas em rachar fios de cabelo ao meio. Amo a liberdade. Amo o ar sobre a terra fresca. É melhor dormir em meios às vacas, que em meio às suas etiquetas e respeitabilidades”.
“Mudei-me da casa dos eruditos e bati a porta ao sair. Por muito tempo, a minha alma assentou-se faminta à sua mesa. Não sou como eles, treinados a buscar o conhecimento como especialistas em rachar fios de cabelo ao meio. Amo a liberdade. Amo o ar sobre a terra fresca. É melhor dormir em meios às vacas, que em meio às suas etiquetas e respeitabilidades”.
Ignorância filosófica
Torço para que os senhores três promotores de São Paulo, que
tentaram justificar o pedido de prisão de Lula, sem condenação judicial,
sejam bons estudiosos de Direito. E se o forem, que se limitem a tecer
argumentos jurídicos. Pois demonstraram publicamente ignorância
filosófica, ao sair dos limites didáticos de suas funções, para falar
besteira sob o manto esfarrapado da erudição filosófica. Confundiram
Hegel com Engels, pois Hegel nunca foi companheiro de Marx, que de Hegel
foi discípulo. E usaram argumentos com opiniões de Nietzsche sobre o
que o filósofo alemão dizia exatamente o oposto do que lhe foi atribuído
como fundamento da argumentação enviesada. Vão estudar, camaradas! Que o
país enlameado de corrupção não precisa de heróis ignorantes.
Metástase
Laurence Nóbrega disse uma frase que merece repetição. “Já houve
câncer em vários momentos da República. Agora, deu metástase”. É isso
mesmo. Há células doentes nas favelas e nos shoppings, nos parlamentos e
nos fóruns, nos palácios e nas taperas. A organização sócio-econômica
dos últimos governos edificou uma pirâmide com a esmola na sustentação
da base e a corrupção no acabamento do vértice.
O Alienista
O Brasil tá ficando muito parecido com a Casa Verde, nosocômio do
Dr. Simão Bacamarte, onde ele internou quase toda a população de
Itaguaí. Tudo era motivo para o internamento. Se um agiota dispensava
uma dívida, pronto; era doido. Tinha de ser internado. Hoje, a Casa
Verde é o manicômio verde-amarelo, onde todos são delinquentes até que
se prove o contrário. Mas terá de ser preso para poder provar ao Dr.
Bacamarte que vai curar-se ou corrigir-se. Fico imaginando se fossem
vivos Machado de Assis, Aparício Torelly, Millor Fernandes, Stanislaw
Ponte Preta. Tanta matéria prima de humor sobrando e tão pouco talento
humorístico para aproveitar.
Farofada jurídico-midiática
A ex-Prefeita Micarla de Souza foi absolvida na principal Ação de
Improbidade movida contra ela. Quem vai reparar o estrago feito à sua
honra pelo estardalhaço midiático que atingiu a ela e filhos, os quais
nem podiam frequentar a escola? Fosse tudo processado nas fronteiras do
fórum, sem condenação prévia, sem ganância por holofotes e sem a
farofada hipócrita da mídia, a dignidade das pessoas, direito
constitucional, não sofreria esse vexame. Agora fica a cara de tacho da
hipocrisia fazendo de conta que “nem é com eles”. Nesse momento, os
senhores promotores adoram os recursos. Quando há condenação, o recurso é
considerado uma protelação espúria. Ô raça!
Frases
De Aparício Torelly, o Barão de Itararé.
“Este mundo é redondo, mas está ficando muito chato”.
“O banco é uma instituição que empresta dinheiro à gente se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro”.
“A televisão é a maior maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana”.
“O fígado faz muito mal à bebida”.
“Este mundo é redondo, mas está ficando muito chato”.
“O banco é uma instituição que empresta dinheiro à gente se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro”.
“A televisão é a maior maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana”.
“O fígado faz muito mal à bebida”.
A emenda e o soneto
Da nota do Dr. Crispiniano Neto:
“Ao retirar as palavras inadequadas e desagradáveis a quem se sentiu ofendido, considero encerrado o assunto.
Saudações democráticas a todos
Crispiniano Neto”.
Soneto é uma forma de poesia. Crispiniano é poeta. Quando se emenda o soneto, a forma se deforma. Ao tentar o remendo do que ele mesmo considera “tom acima do normal”, o poeta remendou mal. “A quem se sentiu ofendido”? Ora, a liberdade de imprensa foi ofendida. A democracia foi ofendida. A paz pública foi ofendida. O governo, do qual o poeta faz parte, sentiu-se ofendido, pois desautorizou a bravata inoportuna. Depois, não é o autor do ato quem decide encerrar o assunto. Quem decide isso é a sociedade. Ou “quem se sentiu ofendido”, como ele mesmo diz. Poesia e arrogância não combinam.
“Ao retirar as palavras inadequadas e desagradáveis a quem se sentiu ofendido, considero encerrado o assunto.
Saudações democráticas a todos
Crispiniano Neto”.
Soneto é uma forma de poesia. Crispiniano é poeta. Quando se emenda o soneto, a forma se deforma. Ao tentar o remendo do que ele mesmo considera “tom acima do normal”, o poeta remendou mal. “A quem se sentiu ofendido”? Ora, a liberdade de imprensa foi ofendida. A democracia foi ofendida. A paz pública foi ofendida. O governo, do qual o poeta faz parte, sentiu-se ofendido, pois desautorizou a bravata inoportuna. Depois, não é o autor do ato quem decide encerrar o assunto. Quem decide isso é a sociedade. Ou “quem se sentiu ofendido”, como ele mesmo diz. Poesia e arrogância não combinam.
Mal absoluto
Na imprensa o único mal absoluto é a censura. Os outros males são
relativos. Da mesma forma que o agredido pode rebelar-se e devolver a
ofensa. Ou cobrar reparação. Não pode é censurá-la ou impedir seu
exercício. Sob qualquer pretexto. Acusá-la, desmenti-la e denunciá-la
pode.
Maxixe quente
É a iguaria oferecida ao Governador Robinson Faria para degustar
no banquete já bastante tumultuado. Trata-se do pedido de providências
do Procurador Geral de Justiça, a quem o Governador já fez declarações
públicas de imedível afeição e crédito, sobre declarações inconvenientes
do seu auxiliar Crispiniano Neto, incitando a militância petista à
violência física. O procurador Rinaldo Reis pede providências, sob
alegação de ilícito penal nas declarações do auxiliar do Governo.
Esfriar esse maxixe vai requerer jogo de cintura.
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