E HAVIA UMA DESPEDIDA NAQUELE FIM DE TARDE
“Segura na mão de Deus e vai”
Por Eduardo Gosson (*)
Naquele final da tarde fui buscar minha neta Rebeca na casa de sua mãe, na Natal velha. Do quintal avista-se o rio Potengi onde o poeta Lourival Açucena nos primeiros trinta anos do século XX banhava-se em suas águas. Naquele tempo o rio não era poluído.
Lá chegando encontrei-me com o filho Thiago que vive o drama da dependência química. E pude observar em cada gesto uma despedida: ela louca pelo pai, a figura masculina; ele louco por ela mas incapaz de vencer o vício. Ele louco para fazer a viagem final para poder se juntar ao irmão Fausto. A vida aqui sem o seu irmão não tem mais nenhum sentido. Um dia este velho bardo contará a mais bela história entre irmãos, síntese da IGUALDADE, da LIBERDADE e da FRATERNIDADE. Tudo destruído pela droga.
Enquanto trocavam olhares, a tarde escurecia sob um calor infernal e a noite antecipava as trevas.
(*) Eduardo Gosson é Poeta e Escritor. Presidirá a UBE-RN para o biênio (2016-2017)
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