quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Vovó Nati 

Poema de Paulo Alfredo Simonetti Gomes, filho do
 1º filho de Maria Natividade Cortez Gomes( 1914-1989), Cleando Cortez Gomes (1931-2008).

Ainda hoje, visitei a velha casa,
Da qual minha avó era senhora.
Ainda hoje...
Vem em mim um pensamento...
E do peito, um verdadeiro grito,
Sem choro e ainda mais violento,
Lembrar a figura forte,
Quase infinita,
Da minha vó no rumor do vento.

Qual o velho cajueiro,
Fostes árvore, galho e ninho.
Um diverso querer,
Um não desistir de tentar,
A fazer de certo, os tortos caminhos.

Ter tanto filhos,
Tantos desejos idos...
Diversos filhos,
Poesia pura.
Encontrar a força de seguir sozinha,
Ave que se aninha,
No tempo de viver, madura.

Em letras se fez criança.
Em si, infância perdida.
Esposa, mãe, mulher,
Escritora, avó e vida.
Envelheceu como forte árvore,
Frondosos galhos abrigando aves,
Vida e concerto de velhas cantigas.

Ainda hoje eu visitei...
Me lembrei...

Vendam esta casa vinda de outras eras,
Fantasma e lembranças,
Avó e recordações em purpurina.
Da sala de visita a sala de jantar,
Um piano toca até o fim dos tempos.
No quarto,
Uma mãe parindo sempre uma criança.
Lágrimas luminosas insistem em jorrar, onde não posso vê-las.
Dentro de mim,
Em um jardim de pedras.

Olhem esta casa...
Da qual minha já foi senhora.
Já foi grande
E agora se encontra em ruínas.
Um dia consolou os que padecem.
Hoje, encontrou uma outra sina.
Fortaleza, 28 de outubro de 2012.
Nati Cortez e as netas Aleika e Emanuele, no jardim de sua casa na rua Felipe Camarão, 453, Cidade Alta, Natal/RN.

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