domingo, 27 de novembro de 2016

Indagações espaciais sobre a Casa Grande do Engenho Cunhaú





APRESENTADO: II Secitex  no IFRN-Campus Parnamirim http://eventos.ifrn.edu.br/secitex2016/

APRESENTAÇÃO: goo.gl/ZnNcWq

“De Cunhaú, materialmente, resta pouco. O engenho foi desmontado e sobre seus alicerces construído o novo. Da casa-grande, de 45 metros, ficaram quinze... Da capela avocadora de sacrifícios, mistérios e pompas sacras, vivem, negras e esborcinadas, as paredes da fortaleza.” (CASCUDO, 2008 p. 114, grifo nosso)
T. A. OLIVEIRA¹ e M. M. MAIA² 
E-mail: thiagooliveirarn@gmail.com¹; márcio.maia@ifrn.edu.br²
RESUMO
O presente trabalho visa apresentar de uma forma sucinta um histórico sobre a atual Capela do Engenho Cunhaú, e uma hipótese do posicionamento da ermida (capela) da Retaliação no Cunhaú (termo atribuído pelo autor à chacina cometida como justificativa de vingança dos indígenas, ajudados pelos holandeses, contra os portugueses) edificada por Jerônimo de Albuquerque em 1604. O método de pesquisa utilizado foi a prospecção bibliográfica sobre arquitetura colonial e a História do Engenho Cunhaú aliada à contraposição de uma pintura de Frans Post de 1643, haja vista que muitos autores a confirmem como sendo o engenho, com uma fotografia tirada pelo autor em 01 de maio de 2015. Portanto a presente obra quer possibilitar uma nova concepção histórica de um dos espaços mais significativos socialmente, financeiramente e culturalmente do Rio Grande do Norte, em favor dos trezentos anos da História do Engenho Cunhaú, sumariamente ignorado em favor de um único episódio perpetuado em seu solo.
PALAVRAS-CHAVE: Capela do Engenho Cunhaú, e Prospecção bibliográfica.

Spatial questionings about Cunhaú's sugar cane mill house

ABSTRACT
This study aims to show a brief historic of the current sugar cane mill chapel of Cunhaú, and a hypothesis of the chapel’s position built by Jerônimo de Albuquerque in 1604 in the Retaliation in Cunhaú (term assigned by the author that references to the Portuguese slaughter done by the indigenous with the help of the Dutch). The method of research was a bibliographic study about the colonial architecture and the history of Cunhaú’s sugar cane mill, combined with the contraposition of Frans Post painting of 1643 – considering that many authors confirm it as being a painting of the sugar cane mill – with a picture made by the author in May First 2015. Therefore this work wants to demonstrate a new historical conception regarding one of the most socially, financially and culturally remarkable places in Rio Grande do Norte, in sake of the three hundred years of Cunhaú’s sugar cane mill history, intentionally ignored in favor of a single episode perpetuated on its soil.
KEY-WORDS: Chapel of Cunhaú, and Bibliographic study.

1. INTRODUÇÃO
A epígrafe do celebre historiador e antropólogo Câmara Cascudo, demonstra a visão e principalmente, a pouca relevância dada às ruínas do Engenho Cunhaú, mesmo com sua importância para com a História Potiguar. Em virtude dessa lacuna, o presente trabalho busca procurar, amparado por uma literatura específica sobre o tema estudado, explicar a relevância de tais ruínas para o estado do Rio Grande do Norte.
O presente trabalho visa apresentar de uma forma sucinta um histórico sobre a Capela do Engenho Cunhaú provavelmente construída em 1654, por Matias de Albuquerque Maranhão, e uma hipótese do posicionamento da ermida da Retaliação no Cunhaú edificada em 1604 por Jerônimo de Albuquerque Maranhão “O Conquistador do Maranhão”. Portanto se pretende aqui amparado por uma prospecção bibliográfica sobre arquitetura colonial e a História do Engenho Cunhaú, aliada à análise de uma pintura em paisagem que muitos autores atribuem ao Engenho Cunhaú no período de 1643, evidenciar uma lacuna na Historia Potiguar e uma estória esquecida do Engenho Cunhaú.
A primeira Capela do Engenho Cunhaú foi provavelmente edificada em 1604 por Jerônimo de Albuquerque Maranhão, de taipa de pilão, e em período ignorado foi desenhado após levantamentos reais de Jorge Macgrave, Gaspar Barléu e outros, sendo em 1643 pintado em estilo de paisagem pelo artista flamengo Frans Post para ser um mapa do famoso livro de Gaspar Barléu. O episódio mais marcante acontecido nessa capela foi a Retaliação no Cunhaú, ocorrida em 16 de julho de 1645, onde 70 fieis foram chacinados durante a missa do capelão André de Soveral por cerca de 500 índios Tapuais Janduís e Potiguares liderados momentaneamente por Jerereca em vingança aos seus, visto que os índios foram trucidados no início da colonização portuguesa. Os índios atuaram junto a 200 soldados holandeses desertores comandados pelo alemão Jacob Rabbi, cuja intenção era saquear as riquezas do Cunhaú, o centro econômico da Capitania. (JÁCOME BARRETO; 2016) Após a matança na igreja, flamengos e índios invadiram a casa contígua à capela (PEREIRA, 1999, p. 16, grifo nosso).
É sabido para os pesquisadores do Brasil Colonial, que boa parte das construções compreendida entre o início do século XV a XIX, eram tradicionalmente feitas de taipa de pilão, devido à escassez de matérias-primas mais elaboradas, esse fato foi mudado com a vinda da Família Real Portuguesa a colônia em 1808, que possibilitou a abertura dos portos a insumos estrangeiros. (ANDRADE; 2016)
A Capela da Retaliação no Cunhaú não fugiu à regra, pois é percebido na pintura de Frans Post, que ela possuiu linhas verticais, característica comum na construção de taipa de pilão, que consistia em comprimir a terra em formas de madeira, denominada de taipais, onde o barro era compactado horizontalmente e disposto em camadas de aproximadamente quinze centímetros de altura atingido a densidade ideal, criando assim uma estrutura resistente e durável. Quando a terra pilada atingia mais ou menos 2/3 da altura do taipal, recebia no sentido horizontal pequenos paus roliços envolvidos em folhas, geralmente de bananeiras, produzindo orifícios cilíndricos, cabodás, que permitem o entrelaçamento do taipal em nova posição, e depois era colocado o telhado de madeira e telhas de barro. (ECOFICIENTE; 2016) E é também percebido na pintura que a capela não tinha uma porta externa visível, possibilitando assim a existência de uma porta contígua ao lado esquerdo da primitiva Casa Grande ou num pátio interno não exposto na obra. Após a Retaliação, a capela ao que tudo indica ficou em ruínas, devido aos ataques lá ocorridos, depois desparecendo por completo.
A segunda Capela do Engenho Cunhaú, que é atual, foi provavelmente construída em 1647, por Matias de Albuquerque Maranhão defronte da Casa Grande do Cunhaú, devido aquela construída por seu pai, Jerônimo Maranhão, ter ruído. Os arredores dessa capela durante três séculos serviu como cemitério aristocrático da Casa de Cunhaú. No início de 1810, o viajante inglês Henry Koster, ao visitar o Engenho Cunhaú, nada relatou sobre ela. Em 1877, o cruzeiro de ferro e sino de ouro foram transferidos ao Engenho Outeiro pelos freis Guardioso e Herculano, na intenção de espantar um demônio. Em 1890 seu telhado foi vendido em Recife para cobrir uma estribilha no Outeiro, em 1896 foi quase totalmente destruída pelos filhos do Coronel Dendê Arco Verde na procura das suas botijas, sobrando só as paredes e a fronte destruído. (CASCUDO; 2008, SILVA; 2014) Atualmente essa capela se localiza no Município de Canguaretama:
De pedra e tijolo só havia no Cunhaú a capela famosíssima. Tem 18, 75 de comprimento por 7,36 de largura e 5,97 de altura. Na face posterior mede 9,15. As paredes vão de 60 a 75 centímetros de espessura. Há uma janela alta, a oeste, uma seteira na capela-mor, três portas, a principal ao sul, a da sacristia a oeste e uma a leste, defronte da primitiva casa-grande. Deve ter sido a capela o verdadeiro forte, o ponto de defesa murada e segura. O engenho está a cem metros. (CASCUDO 2008, p. 90, grifo nosso)
O tombamento dela foi homologado no dia 16 de junho de 1964, no Vol. 1, Folha 60, Inscrição 368, pelo, extinto Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, SPHAN, atual Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, IPHAN:

“[...] construída com tijolos cozidos, batentes e cornijas de pedra lavada, restaram as paredes laterais, a parede de fundo. As paredes laterais da capela-mor possuem seteiras. Na parede do retábulo resta o nicho em arco”. (IPHAN; 2016)
Sobre a restauração fala Oliveira (2003, p. 41): foi organizado um convênio firmado entre o Ministério da Cultura, a Fundação Nacional Pró-Memória, a Fundação Roberto Marinho e o Governo do Estado do RN, em meados da década de 1980, para a restauração da Capela do Engenho Cunhaú. (Figura 1)
Figura 1: Processo de restauração da capela. Fonte: Arquivo do autor (2016)

Em síntese a presente obra que possibilitar uma nova concepção histórica e cultural do Engenho Cunhaú, um dos espaços mais significativo socialmente, culturalmente e financeiramente do Rio Grande do Norte, em favor dos seus mais de 300 anos da História, renegado em favor de um único episódio consumado no seu solo.
 2. MATERIAIS E MÉTODOS
O presente trabalho tomou como método de pesquisa, a prospecção bibliográfica sobre arquitetura colonial e a História do Engenho Cunhaú aliada à contraposição de uma pintura de Frans Post de 1643, haja vista que muitos autores a confirmem como sendo o engenho citado, com uma fotografia tirada pelo autor em 01 de maio de 2015 num Smartphone Samsung S3.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
As construções no Novo Mundo não foram idênticas as habitações da Europa, por causa das diferenças climáticas, geográficas e outras, assim as que foram edificadas não visavam a estética, mas sim a segurança, elas foram feitas com alicerces profundos, paredes grossas de taipa com óleo de baleio, piso de terra batida, poucas portas e janelas, outras feitas de pedra e cal, com teto de telhas que serviam de alpendres contra o sol e chuvas dos dois lados. Essas construções em sua maioria não passavam de 120 anos, por falta de manutenção. (ANDRADE; 2016) Com a chegada da Família Real Portuguesa a Colônia Brasileira em 1808, a estabilidade política e econômica vigorava, assim a arquitetura civil e religiosa teve uma mudança significativa, porque as matérias-primas mais sofisticadas já existiam em abundância, possibilitando assim mais luxo e conforto, agora se usava alvenaria de pedras e tijolos nas paredes, madeira recoberta com telhas cerâmicas nas coberturas; lajotas de barro e/ou assoalhos de madeira nos pisos e também um tipo de tijolo circular utilizado nas alpendres das capelas, casas-grandes e senzalas. Uma particularidade dessas construções era a capela que servia de anexo da Casa-Grande, em algumas havia um acesso privado para os familiares do Sr. do Engenho através de uma porta contigua à Casa Grande, que levaria a um espaço restrito a família senhorial, caso essa moradia fosse assobrado se dava por um corredor junto ao balcão superior presente no pé-direito duplo da capela, já os colonos acessavam por uma entrada diferente, um exemplo desse tipo de capela é a do Engenho Poço Comprido (Figura 2) em Vicência/PE. (ANDRADE; 2016, PACHECO; 2016 e BIVAR MARQUESE; 2016)
Figura 2: Engenho Poço Comprido. Fonte: http://www.viagensbrasil.blog.br/2014_06_01_archive.html. Acesso em: 12 jun. 2016
3.1. Hipótese sobre o posicionamento da Capela da Retaliação no Cunhaú
O Engenho Cunhaú (Figura 3), foi desenhado após levantamentos reais de Jorge Macgrave, Gaspar Barléu e outros em período ignorado, sendo que em 1643 através do pintor holandês Frans Post foi transformado em uma pintura de paisagem para ser um mapa (Figura 4) do livro de Gaspar Barléu publicado em 1647. (ANTIQUE MAPS; 2016)
Figura 3: Engenho Cunhaú. Fonte: ANTIQUE MAPS (2016)


Figura 4: Brasilia Qua Parte Paret Belgis. Fonte: MACHADO (2016)

O mapa destaca uma pintura, que seria o Engenho Cunhaú, que mostra uma Casa Grande na parte central e uma capela contigua à esquerda. Conforme Cascudo (2008, p. 89) “Um sombrio casarão de taipa, comprido e feio, medindo 45 metros de comprimento e 30 centímetros por 9 metros e 62 de largura. De altura ia dois metros de e 60 apenas. Restam 15 metros e 30 centímetros da velha moradia senhorial. Tinha um janelório baixo, aberto a oeste. A lesta nada. Nem uma abertura. Ao sul duas janelas. [...] Interiormente três ou quatro salas comunicavam-se entre si. A maioria servida por uma porta para o pátio, diante da Capela histórica. Caiada e sem barra, a casa grande tinha aposentos amplos mas sem janelas, exceto quartos destinados aos hospedes, localizados na parte da frente”.
Analisando essas imagens, é possível fazer a seguinte indagação: será que a diferença de 30m antes da destruição total da moradia senhorial teria sido a Capela da Retaliação no Cunhaú? (Figura 5)
Figura 5: Hipótese sobre o posicionamento da Capela da Retaliação no Cunhaú. Fonte: MESTRE PADRE (2016)

A capela (Figura 6) que se encontra na atual Fazenda Cunhaú, antigo engenho homônimo, ao que tudo indica não é a da Retaliação de 16 de julho de 1645, mas sim outra edificada por Matias de Albuquerque Maranhão, defronte à Casa Grande, em 1654, já que a anterior havia sido destruída na reconquista do engenho. A capela onde poderá ter ocorrido a Retaliação está atualmente soterrada do lado esquerdo da extinta Casa Grande do Engenho Cunhaú.
Figura 6: Evolução da Capela do Engenho Cunhaú através dos séculos. Fonte: Arquivo do autor (2016)

A Casa Grande, cujo proprietário era Octavio de Lima Araújo, em fevereiro de 1934, foi visitada pelo historiador Luís da Câmara Cascudo, a mesma casa que hospedou Henry Koster em 1810. O Dr. Nestor Lima, em 1930, afirmou que a antiga casa senhorial se achava convertida em um mero armazém, já em estado de deterioração. Atualmente, boa parte foi transformada na residência (Figura 7) do gerente da fazenda, o Sr. Ademar Rodrigues. (MEDEIROS FILHO, 1993, p. 19).
Figura 7: Evolução da Casa Grande do Engenho Cunhaú através dos séculos. Fonte: Arquivo do autor (2016)

4. CONCLUSÃO
O presente artigo não visa de forma alguma desconsiderar qualquer pesquisa sobre o Engenho Cunhaú, haja vista que o tema possibilita inúmeras pesquisas e interpretações, nem tampouco esgotar o assunto aqui estudado.
Desse modo o artigo subsidiado por uma linguagem acadêmica visa mostra a existência de uma lacuna na Historia Potiguar e uma estória esquecida do Engenho Cunhaú, possibilitando assim uma nova percepção sobre o espaço, e dando uma oportunidade de uma nova escavação arqueológica no local, centrada na hipótese sobre o posicionamento da Capela da Retaliação no Cunhaú, aqui indagada.
É notória a importância da escavação arqueológica citada, visto que foi indicada a possibilidade de uma outra capela no Engenho Cunhaú, onde pode ter ocorrido, de fato, a Retaliação no Cunhaú, mas antes da escavação propriamente dita, é necessário as etapas típicas da arqueologia: diagnóstico, prospecção, resgate, monitoramento e educação patrimonial, essa última presente em todas as etapas. (ARQUEOLOGIA; 2016).
A escavação arqueológica aqui almejada é não só pela curiosidade, mas, sobretudo com a preocupação em se perpetuar uma estória distorcida, digo, a difusão pela religião tradicional e demais atores sociais que a atual Capela da Fazenda Cunhaú, foi a que a presenciou a Retaliação no Cunhaú, conforme diz Galvão (2016) “o local que foi palco do martírio já não está intacto. A capela passou por várias reformas e, do tempo do morticínio, restam apenas os pilares da pequena Igreja”. Fato contraditório, uma vez que nesse trabalho houve a pesquisa sobre a possibilidade de uma outra capela cuja estrutura estaria hoje soterrada no lado esquerdo da primitiva Casa Grande do Engenho Cunhaú.
Portanto, para que não se perca a possibilidade de mais um caminho para História Potiguar, as etapas do processo arqueológico, já citadas, precisam ser observadas. Não é viável, portanto, que a História Potiguar possua lacunas e imprecisões pelo fato de se firmar e se adotar uma só hipótese de investigação, fincada no velho paradigma imposto pelas bases oficiais da religião tradicional. Fazer isso é deixar de lado toda uma área impregnada de acontecimentos extremamente significativos para o Estado do Rio Grande do Norte, e deixar esse capítulo da História do Engenho do Cunhaú sem o esteio para novos estudos.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, Maria do Carmo. Casa-grande (engenho). Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>. Acesso em: 12 jun. 2016.
ANGELIM, Augusto Sampaio. UMA VIAGEM PELO NORDESTE COLONIAL. Disponível
em: http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/685166.Acesso em: 27 ago. 2016.
ARQUEOLOGIA, Espaço. Entendendo os passos da pesquisa arqueológica de contrato.
Disponível em: http://espacoarqueo.blogspot.com.br/2012/05/entendendo- os-passos-da-pesquisa.html. Acesso em: 28 ago. 2016.
ANTIQUE MAPS, Barry Lawrence Ruderman. Gaspar Barleus / Johannes Blaeu: Praefecturae De Paraiba, et Rio Grande. Disponível em: https://www.raremaps.com/gallery/detail/29137/Praefecturae_De_Paraiba_et_Rio_Grande/Barleus-Blaeu.html. Acesso em: 12 jun. 2016.
BIVAR MARQUESE, Rafael de. A tradição da casa-grande e as plantations escravistas
do Novo Mundo. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010147142006000100002. Acesso em: 27 mai. 2016
CASCUDO, Luiz da Câmara. A Casa de Cunhaú: história e genealogia/ Luiz da Câmara
Cascudo; prefácio, notas, quadro genealógico glossário de Paulo Fernando Albuquerque Maranhão. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2008. 182 p. –(Edições do Senado Federal; v. 45).
CAVALCANTE GOMES, Denise Maria. Metodologia da pesquisa arqueológica: uma introdução. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/bgoeldi/v8n3/02.pdf Acesso em: 27 ago. 2016.
ECOFICIENTE, Portal. Taipa de Pilão. Disponível em: http://www.arqpop.arq.ufba.br/t%C3%A9cnicas-construtivas-do-per%C3%ADodo- colonial. Acesso em: 10 ago. 2016.
GALVÃO NETO, Francisco Alves. O Martírio do Rio Grande do Norte/ Francisco Alves Galvão Neto. – Natal, 2013.
GALVÃO, Professor Francisco. A SANHA HOLANDESA NO RN - I -O MASSACRE DE CUNHAÚ. Disponível em: http://historiadecanguaretama.blogspot.com.br/2012/07/sanha-holandesa no-rn-i-o-massacre-de.html Acesso em: 30 ago. 2016.
IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Engenho do Cunhau: Ruínas da capela (Canguaretama, RN). Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/ans.net/tema_consulta.asp?Linha=tc_hist.gif&Cod=1819. Acesso em: 12 jun. 2016, (a)
_________________________________________________ MANUAL DE ARQUEOLOGIA HISTÓRICA EM PROJETOS DE RESTAURAÇÃO. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/uploads/temp/20150212153731281.pdf Acesso em: 12 jun. 2016, (b)

JÁCOME BARRETO, Francisco França. Primórdios do engenho cunhau Disponível em:http//culturapindorama.blogspot.com.br/201207primordios-do-engenho-cunhau.html. Acesso em: 15 jun. 2016.
LIMA, Heitor Rodrigues de. Os nativos e o massacre de Cunhaú, Canguaretama.2009. UVA.
LOPES, Fátima Martins. Missões religiosas: índio, colonos, missionários na colonização da Capitania do Rio Grande do Norte. Dissertação (Mestrado em História) Universidade Federal de Pernambuco: Recife, 1999.
MACHADO, David. OS DONOS DA FÉ: capelas particulares e aspectos da vida religiosa na América Portuguesa (Minas Gerais, séculos XVIII e XIX). Disponível em:http://www.forumpatrimonio.com.br/paisagem2014/artigos/pdf/352.pdfAcesso em: 10 de ago. de 2016
MEDEIROS FILHO, Olavo de. O Engenho Cunhaú à luz de um inventário/ Olavo de Medeiros Filho. -Natal: Fundação José Augusto, 1993. 86 pág.
_____________________Os Holandeses na Capitania do Rio Grande- Natal: Instituto Histórico e Geográfico do RN, 1998. 133 pág.: il. – (Coleção cultural, nº.06).
MESTRE PADRE, Coletivo. Novas abordagens de pesquisa sobre o Engenho Cunhaú. Disponível em: http://coletivomestrepadre.blogspot.com.br/2015/11/novas- abordagens-de-pesquisas-sobre-o_23.html. Acesso em: 02 jul. 2016.
OLIVEIRA, Luís Antônio de. O martírio encenado: memória narrativa a teatralização do passado no litoral sul do Rio Grande do Norte/Luís Antônio de Oliveira.
 PACHECO, Gustavo. Vicência. Atrativos Naturais e Histórico-Culturais. Arquitetura Civil/Conjunto Arquitetônico: Disponível em: http://atrativope.blogspot.com.br/2014/05/vicencia-atrativos-naturais-e- historico.html. Acesso em: 12 jun. 2016.
PEREIRA, Francisco de Assis, Protomártires do Brasil: Cunhaú e Uruaçú-RN/ Francisco Assis Pereira. –Aparecida, SP: Editora Santuário, 1999.
SILVA, Erivan Oliveira Ferreira. Memórias de Canguaretama. Vol.1. Canguaretama: Projeto Vale das Matas. 2014. 66 pág.

sábado, 26 de novembro de 2016

[AssessoRN.com ] El Comandante cubano deixa esta vida e passa para a história

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João Bosco de Araujo no-reply@blogger.com

15:48 (Há 2 horas)
para mim
Morreu Fidel Castro, histórico líder da revolução cubana

O líder histórico da Revolução cubana, Fidel Castro, faleceu na noite desta sexta-feira (25), aos 90 anos. A triste notícia foi anunciada pelo presidente Raúl Castro, por meio de um comunicado na televisão, em rede nacional. O chefe de Estado explicou que o corpo de Fidel será cremado atendendo a seu próprio pedido. [Portal Vermelho > Leia mais]

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Postado por João Bosco de Araujo no AssessoRN.com em 11/26/2016 11:48:00 AM

domingo, 20 de novembro de 2016

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

A ÚLTIMA VIAGEM DE UM MAQUINISTA DO TRANSPORTE FÉRREO DE PASSAGEIROS

Por José Romero Araújo Cardoso

Parecia estar vivendo um pesadelo quando acionou o mecanismo que impulsionou velocidade à velha locomotiva, pois aquela seria sua última viagem conduzindo a composição férrea transportando passageiros, a qual, em verdade, passou a ser nos últimos vinte e três anos como um membro da família.
          
Não era a aposentadoria que estava chegando e sim a desativação do ramal ferroviário que estava acontecendo, algo que considerava inamissível em um país dito civilizado, cuja economia dependia diretamente da viabilidade dos meios de transportes a fim de escoar a produção e as pessoas.


Entre tantos problemas enfrentados, agora aparecia mais um, pois a incorporação em outro setor era uma incógnita que o acompanharia na última viagem como maquinista da velha estrada de ferro. Falavam em contenção de despesas, em dispensa de pessoal, etc. 
          
O trem começou a ganhar velocidade, fazendo tremer trilhos e dormentes envelhecidos pelo tempo. O descaso com o meio de transporte estava tão visível que a manutenção não vinha sendo feita há muito tempo.
          
Reflexões começaram a ser feitas pelo velho maquinista, sobre as razões de tamanha irresponsabilidade para com a coletividade. Inteligente, leitor ávido quando tinha tempo, lembrou-se que o modelo de substituição de importações adotado pelo governo federal a partir de 1956 priorizou a indústria automobilística em detrimento de transportes de massas.
          
Seria impossível conceber que no ensejo da concretização de uma nova ordem econômica pautada na individualidade houvesse espaço livre para o transporte férreo. As ferrovias, mais dia menos dia, seriam desativadas para viabilizar a acumulação extraordinária das grandes empresas que se instalaram no país devido tantas vantagens oferecidas.

          
Quantas famílias são alimentadas como o trabalho na estrada de ferro? Inúmeras. Incontáveis. Se contarmos empregos diretos e indiretos os números subirão ás alturas. É uma verdadeira falta de humanismo cometer tamanha atrocidade com tanta gente. Será que esse povo que tem o poder nas mãos não possui coração? Refletia o velho maquinista com suspiros no peito.
          
Cada estação na qual o trem parava era milimetricamente observada pelo maquinista. Colegas de trabalho com olhares tristes, realizando dentro e fora da estação os últimos trabalhos. Pobres viúvas vendendo pastéis, cocadas, tapiocas e outras iguarias da culinária local, cujos semblantes refletiam as incertezas sobre o que fariam depois que a linha férrea fosse desativada. Como apurariam um dinheirinho para os medicamentos dos filhos e netos, já que o sistema de saúde no pais é tão precário? Vendedores de fitas cassetes com os sistemas de sons a toda altura, visando atrair fregueses para comprar seus produtos, foram notados pelo velho maquinista. A tristeza também estava presente naqueles beneficiados pela estrada de ferro.


Esses trilhos por onde o trem passa vai ter qual destino? Será que vão vender como ferro pesado em algum lugar distante? Lógico que vão aproveitar de alguma forma isso tudo, fruto de um luta imensa que começou no século XIX.         

Para esses trilhos chegarem no Estado vizinho foi uma luta imensa. Somente na segunda metade da década de 1950 foi que alcançou o ramal que pode interligar-nos com o resto do país. Tudo vai ser destruído, acho que quase nada vai ficar de lembrança. O povo tem memória curta. Logo, logo nem vai se lembrar que essa estrada de ferro existiu, bem como quantas pessoas beneficiou, quanta gente transportou.


E o transporte de carga? Será que vão ter a coragem de desativar também? Se tiverem, como vai ser para fazer o escoamento da nossa produção? Claro, caminhões. Muitos veículos de grande porte começarão a chegar em nossa região para fazer o transporte das cargas que o trem fazia. Com as estradas esburacadas e mal conservadas, penso no que passará a acontecer. Acidentes, óbitos, dor das famílias desses profissionais e das pessoas que eles acidentarão. 
          
Penso que se desativarem também o transporte férreo de cargas e os caminhões começarem a se responsabilizar pelo transporte da produção, haverá aumento no índice de prostituição, entre outros inúmeros problemas que surgirão.
          
No ponto terminal da viagem, os lamentos não estavam sendo os mesmos por que a linha férrea não estava ameaçada em sua interligação para o resto do país, mas devido ao vínculo cultural formado ao longo dos anos, era notado o sentimento que todos demonstravam em razão da desativação do transporte de passageiros que unia os dois estados. 


Crônica laureada com Menção Honrosa no Resultado final do Terceiro Concurso de Crônicas, Contos e Poesias "João Batista Cascudo Rodrigues" - Versão 2016 - Promoção: Academia Mossoroense de Letras – AMOL

José Romero Araújo Cardoso (Mini Currículo):

Geógrafo (UFPB). Especialista em Geografia e Gestão Territorial (UFPB-1996) e em Organização de Arquivos (UFPB - 1997). Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (2002). Atualmente é professor adjunto IV do Departamento de Geografia/DGE da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais/FAFIC da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte/UERN. Tem experiência na área de Geografia Humana, com ênfase à Geografia Agrária, atuando principalmente nos seguintes temas: ambientalismo, nordeste, temas regionais. Espeleologia é tema presente em pesquisas. Escritor e articulista cultural. Escreve para diversos jornais, sites e blogs. Sócio da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC) e do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP). Membro da Associação Mossoroense de Escritores (ASCRIM).
Endereço residencial:

Rua Raimundo Guilherme, 117 – Quadra 34 – Lote 32 – Conjunto Vingt Rosado – Mossoró – RN – CEP: 59.626-630 – Fones: (84) 9-8738-0646 – (84) 9-9702-3596 – E-mail:romero.cardoso@gmail.com

sábado, 19 de novembro de 2016

A Ilha de sumiu do mapa é tema do novo livro de João Felipe.

Boa tarde, quase noite, para todos
No dia 8 de dezembro de 2016, estarei lançando um livro, sobre a Ilha de Manoel Gonçalves, que acaba de ser impresso. Nele, reuni, o que foi possível encontrar sobre essa Ilha que precedeu nossa Macau, mas que foi coberta, totalmente, pelo mar, nas proximidades do ano de 1845.
 O lançamento será no Espaço Hipotenusa, Rua Marise Bastier, 207, a partir das 17 horas.
Convido a todos para conhecer esse pedaço da História do Rio Grande do Norte, como da região salineira.
Abraços 
João Felipe da Trindade
Natal, Rio Grande do Norte

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

quinta-feira, 17 de novembro de 2016


Ivan Lira de Carvalho 
Em importante postagem, o historiador e Cel-PM Angelo Mario DE Azevedo Dantas, meu confrade no Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, apoiado em cartão postal do acervo do pesquisador André Madureira, relembra que o imóvel sito à esquina da Rua Frei Miguelinho com a Esplanada Silva Jardim, na Ribeira, foi erguido para sediar o Comando da Polícia Militar do RN, em 1896. Acostou foto da sua autoria, datada de 2007. Agora aqui publico imagem mais recente do prédio, servindo de painel de arte de rua, mas conservando a placa de mármore fixada em 1906, registrando que ali nasceu, a 17.09.1768, Miguel Joaquim de Almeida e Castro, herói por atos de bravura libertária do Brasil, por participar ativamente da Revolução de 1817, ano em que foi preso, condenado e morto, a 12 de julho. Só não foi absolvido porque reconheceu como sua a assinatura posta nos documentos da Revolução Pernambucana. Com isso recusou-se a delatar os companheiros de ideal. Àquela época já existia a tal da "delação premiada". Em História é tratado como Frei Miguelinho ou Padre Miguelinho. Foi os dois. Primeiro frade carmelita e depois padre, aos trinta e dois anos. / É reverenciado dando o nome a uma cidade em Pernambuco e a diversas ruas e praças país afora, além de patronear um colégio estadual no bairro do Alecrim, em Natal.

Sentimentos do mundo nas crônicas de Marcius Cortez

Ramon Ribeiro
Repórter


Para o publicitário e escritor Marcius Cortez, vir a Natal é sempre como voltar a casa do pai. Criado na capital potiguar, desde 1965 que ele vive por aí, dando um tempo num estado e outro – e até fora do Brasil. Mas uma coisa é certa, não importa a distância, o contato com sua terra de origem permanece forte. Um pouco dessa relação pode ser vista nas 51 crônicas que compõem seu mais novo livro “Presente de Natal”, cujo lançamento acontece nesta quinta-feira (17), a partir das 18h, no Clube de Rádioamadores (Tirol).
Ana SilvaMarcius Cortez diz que a publicidade lhe ensinou a objetividade. As crônicas trazem esse olhar rápido e envolvente do autorMarcius Cortez diz que a publicidade lhe ensinou a objetividade. As crônicas trazem esse olhar rápido e envolvente do autor

As crônicas presentes no livro foram produzidas de 2013 até 2016 – algumas publicadas nesta Tribuna do Norte. De tão recentes, algumas tratam de uma Natal inserida no contexto dos últimos acontecimentos no Brasil e no mundo. “O livro é uma mistura de sentimentos. Apesar de recentes, o forte das crônicas é afeto e memórias”, diz o autor em conversa ao VIVER. “É um livro sentimental”.

A capa de “Presente de Natal” é assinada pelo publicitário Kélio Rodrigues. A orelha foi escrita pelo amigo e poeta pernambucano Jomard Muniz de Britto, que diz de maneira nada convencional: “O leitor não se deve atrever em procurar nosso autor com o menor deslize narcisista. Seja narcisismo primário, lunático ou militante. Sua prática inaugura outra imagem convicção e destino. Sem medo de encarar a fé leiga, pulsante, arrebatadora. Redesenhando afetos sem afetação. Ainda nos estimulando com a esperança dificílima em tempo sombrio de transcapitalismos”.

O livro está dividido em quatro sessões. A primeira é voltada para reminiscências de família. Na segunda, o autor parte para um papo mais aberto com o leitor, falando de cultura, política, futebol. Na sessão seguinte ele abre ainda mais o leque de temas, para tratar de lugares da cidade e impressões de viagens. Na última parte do livro é quando o Marcius explora sua literatura de forma mais livre, beirando a ficção. Cada crônica encerra com uma dedicatória a alguém que de alguma forma foi importante para ele.

“A crônica é literatura rápida. Como costumo dizer, quando escrevo lembro daquelas pessoas que estão em um congestionamento”, diz o autor, 72 anos, publicitário aposentado que construiu a carreira em agências de São Paulo, cidade onde vive atualmente. “Aprendi muito com a publicidade. É uma forma de se comunicar de maneira envolvente e objetiva”.

Apesar de ver a Natal de hoje muito diferente do tempo em que era adolescente, seu sentimento, apesar de ora nostálgico, não é saudosista ou pessimista, mas esperançoso. “Vivemos atualmente tempos esquisitos. Mas não há como saber com precisão o que está acontecendo, para onde estamos indo”, comenta. “Acredito que a gente tem mais é que alimentar uma esperança lunática”, afirma.

Para ele, uma das marcas do natalense é a presença de espírito. “O natalense, ao contrário do paulistano, aproveita a vida com prazer.  O paulistano abre mão disso por causa do trabalho”, reflete. “Por outro lado, Natal não consegue ter a vida cultural de São Paulo”.

Cinéfilo, o autor também é estudioso da obra do cineasta Stanley Kubrick. No primeiro semestre de 2017 vai lançar pela editora Perspectiva “Stanley Kubrick – O Monstro de Coração Mole”. O livro é o resultado de oito anos de pesquisa sobre os treze longas dirigidos pelo americano. “Seus filmes não enjoam. Você assiste e sabe que verá de novo várias vezes”, diz. Para ele, sua obra preferida é “De Olhos Bem Fechados” (1999) - “Foi a fase final da carreira. Ele já estava mais amolecido. Fez um rico retrato psicanalisado da mulher”.

Depois do lançamento de “Presente de Natal” na capital potiguar, o escritor pretende lançar o livro em São Paulo. “Às vezes vou no jogo do ABC em São Paulo e vejo como tem potiguar por lá”. Depois, quando encontrar tempo, Marcius pensa em escrever sobre uma figura icônico do Brasil: o vira-lata. “É um tipo de cachorro resistente, inteligente, que sabe sobreviver nas ruas. É um animal tão misturado como a gente”, comenta.

Serviço
Lançamento de “Presente de Natal”, de Marcius Cortez
Dia 17 de novembro, às 18h
Clube de Rádio Amadores (Av. Rodrigues Alves, 1004, Petrópolis)


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