domingo, 26 de julho de 2015

Matou a sogra e mandou matar o sogro.



SÓ DUAS PERGUNTAS
Tomislav R. Femenick (www.tomislav.com.br)


O Padre Jahannes Simon Vondel tinha terminado de rezar as vésperas, a oração do final da tarde e começo da noite, quando o telefone da sacristia da pequena igreja, da pequena cidade do interior, tocou estridentemente. Era a enfermeira de Dona Lucrecia, viúva de Pedro Correia Fernandes, rico proprietário e chefe político, recentemente falecido. Queria que ele fosse urgente ao casarão, pois a doente tinha piorado muito nas últimas horas e pedido para se confessar, mas só com o Padre Vondel.
Mesmo com quase setenta anos, o padre holandês cultivava o hábito de andar de bicicleta, até porque as parcas receitas da paróquia não lhe permitiam o luxo de um carro. Pedalando pelas ruas mal iluminadas, ele ia reavivando suas lembranças sobre Dona Lucrecia. Há trinta anos, quando ele chegou na cidade, Lucrecia era a grande dama local. Promovia as melhores festas, era patronesse de obras beneméritas e mãe de somente uma filha pequena. Hoje a filha era a Dra. Amélia Fernandes Oliveira, casada com o Dr. Paulo Dutra Oliveira, ambos médicos e donos do hospital local.  Seu Pedro Correia tinha morrido misteriosamente e a viúva, embora tratada permanentemente pelo genro, vivia em uma cama e tinha uma enfermeira e uma empregada como únicas companhias, naquela residência tão grande.  
Quando o padre chegou ao sobrado, a porta estava aberta e as luzes da escada acesas. Pensando que estavam a sua espera, subiu em direção ao quarto da dona da casa e encontrou uma cena surpreendente e horripilante. O recinto estava iluminado apenas por duas grandes velas, mas dava para se ver um pentagrama desenhado na parede, atrás e acima da cabeceira da cama, e uma grande quantidade de sangue esparramado pelo chão. O corpo da enfermeira estava aos pés da cama, com a garganta cortada, e o cabo de uma faca de prata se projetava do abdome de Dona Lucrecia. Tudo levava a crer que teria havido um ritual macabro, no qual as duas teriam sido sacrificadas. Foi ainda meio desorientado que o reverendo ligou para a polícia.
O delegado da cidade era um advogado que não mais exercia a profissão e devia a sua nomeação a Pedro Correia Fernandes. Talvez o delegado tenha sido o maior amigo do casal. Era o padrinho de Amélia; padrinho de batismo, de formatura e de casamento. Até brincavam: se ele não fosse o único tri-padrinho do mundo, com certeza era o único da cidade. Pouco depois de o delegado chegar ao casarão, a cidade toda já sabia da notícia e para lá se dirigia. A filha, desesperada, estava sendo consolada nos braços do Padre. Dr. Paulo, seu marido, esbravejava contra “esses fanáticos” e dizia que o crime somente poderia ser obra do Sebastião das Cebolas, o Pai de Santo local. Sebastião foi preso e transferido para uma delegacia da capital, pois se ficasse na cidade seria linchado.
Pelos outros presos, o Pai de Santo ficou sabendo que o escrivão da delegacia era o Pereira, aquele que já tinha resolvido alguns casos desconcertantes. Conseguiu falar com ele e expor seu problema: estava preso, porém não era o autor do crime. Pereira conhecia o Padre Vondel e Dona Lucrecia, pois era de um lugarejo próximo, e resolveu investigar. Foi rever o reverendo holandês e a cidade. Por cortesia foi fazer uma visita ao delegado, oportunidade em que se inteirou dos detalhes e do andamento das investigações. A enfermeira era de fora e tinha sido indicada pelo genro da doente. O delegado já tinha certeza que Sebastião das Cebolas não tinha nada a haver com o caso; só o mantinha preso para evitar que o povo o linchasse.
Foi ver a cena do crime e visitar o Padre Vondel, quando soube que Dona Lucrecia nunca havia sido muito religiosa, mas, à medida que a doença progredia, ela rezava mais e mais e, às vezes, ia assistir missa, mesmo que para isso fosse preciso ir de cadeira de roda. Porém nunca tinha se confessado. O Padre também achava que o Pai de Santo não tinha nada com a história. Conversando com outras pessoas, soube que o inventário de Pedro Correia Fernandes ainda não tinha sido realizado e que a saúde financeira do hospital da filha e do genro ia muito mal. Conversando com a velha Manuela, empregada do casarão dos Fernandes há mais de quarenta anos, inteirou-se de um segredo: Dona Lucrecia, logo que se casou, teve um caso com um advogado que tinha chegado na cidade e que hoje é o delegado. Desse caso nasceu Amélia. Sentindo a aproximação da morte, talvez tenha sentido a necessidade de confessar o pecado.
Daí, foi relativamente fácil resolver o caso. Foi só responder duas perguntas. Quem ganhava com a morte da senhora? Sua filha e seu genro, que estavam praticamente quebrados, com as dívidas do hospital.  Quem perderia se fosse provado que ela não era filha do velho Pedro? Os mesmo, pois Pedro e Lucrecia eram casados em separação de bens. Foi só apertar o genro. No começo negou, depois confessou tudo. Tinha mandado fazer exame de DNA da mulher e do delegado (atestaram pai e filha), tinha mandado matar o sogro e, ele mesmo, matou a sogra e a enfermeira. Primeiro a sogra e depois a enfermeira, após forçá-la a ligar para o padre. 

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Academia lança campanha pró elevador,

quinta-feira, 2 de julho de 2015

UM ELEVADOR PARA A VETUSTA ANRL

Nas vésperas de completar os seus 80 anos de vida, a ACADEMINA NORTE-RIO-GRANDENSE DE LETRAS - ANRL trabalha para colocar um elevador ou plataforma elevatória para permitir o acesso de alguns dos seus Acadêmicos e ao público de maior idade ou portadores de deficiência motora.
O Presidente Diógenes da Cunha Lima resolveu encetar campanha para, ainda este ano, a vetusta Casa de Cultura do Rio Grande do Norte, afinal, garanta esse benefício aos seus membros e aos frequentadores, à qual nos filiamos com total empenho.
Na posse do saudoso jornalista Agnelo Alves a solenidade foi realizada no salão de festas, quebrando uma tradição de solenidade no seu auditório, porquanto aquele imortal acadêmico era usuário de cadeira de rodas.
Em minha posse no dia 12 de junho último, muitos dos meus amigos não puderam assistir o evento à falta desse equipamento e alguns ficaram no salão de festas aguardando o término da sessão solene.
Os empresários natalenses investem tanto em certos eventos de menor importância para a vida cultural do Estado, patrocinam esporte, espetáculos isolados e eventuais, mas pouco se sensibilizam para uma providência permanente e essencial para o bom funcionamento do Templo Maior das Letras Potiguares.
Aproveito o ensejo para conclamar os nossos conterrâneos e amigos que aqui residem, empresários, rede bancária, parlamentares, supermercados a assinarem o "livro de ouro" que Diógenes irá disponibilizar, para que Dezembro próximo seja o momento da superação desse obstáculo.